Com melhor Ideb, Minas Gerais e Paraná têm investimentos medianos

22/02/2011

Juliana Doretto
Especial para o UOL Educação
Em Brasília
   Nem sempre mais recursos representam Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) maior. Minas Gerais ocupa o topo entre os índices dos Estados nas primeiras séries do fundamental, com índice de 5,8, mas o seu custo por aluno foi apenas o 13º mais alto do país em 2009, com R$ 1.707,01.

   Em seguida vêm São Paulo e Distrito Federal, com 5,4 e custo por aluno acima de R$ 2.100 e Paraná, com nota 5,2, mas com investimento de R$ 1.580,84, R$ 230,75 a mais que o mínimo.

Maiores Idebs por séries iniciais (1ª à 4ª séries) do ensino fundamental em 2009

Gasto aluno/ano em 2009 (em R$) Gasto aluno/ano em 2010 (em R$) Ideb 2009
Minas Gerais R$ 1.707,01 R$ 1.903,06 5,8
Distrito Federal R$ 2.102,79 R$ 2.284,83 5,4
São Paulo R$ 2.263,05 R$ 2.640,38 5,4
Paraná R$ 1.580,84 R$ 1.780,97 5,2
Santa Catarina R$ 1.796,48 R$ 2.135,31 5


   Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que, mesmo com a nota proporcionalmente alta, Minas Gerais e São Paulo deveriam ter um Ideb já na média da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), na nota 6. “São Estados com grande capacidade de arrecadação. E seus municípios também. O dinheiro do Fundeb não é tudo o que é investido na educação. Mas há uma diversidade grande dentro dos Estados, sobretudo em Minas. Eles deveriam fazer muito mais pela educação.”

  O caso do Paraná representa o oposto. O custo por aluno não está entre os mais altos, mas o Estado otimiza seus recursos, segundo Cara, investindo sobretudo em parcerias entre municípios e Estado para, por exemplo, dar cursos de formação de professores.

  Paulo Corbucci, pesquisador da área de educação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta as condições externas à escola, nessas regiões, como importantes compensadores para a falta de recursos. “Uma escola com professores razoáveis, mas com alunos com condições melhores, tem mais probabilidade de ter um desempenho melhor do que o contrário”, diz.

  “Uma criança, por exemplo, que mora em um morro em que um grupo criminoso fecha a escola é privada de educação diversos dias do ano, ainda que sua escola tenha qualidade. É preciso que haja condições de segurança para essa criança, que ela chegue bem alimentada, que ela não precise trabalhar, que os pais estejam empregados”, afirma.

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